DESABAFANDO
#1
Postou 20 março 2007 - 11:33
Toda separação dói. Seja de um relacionamento relâmpago, de poucos meses, como de um mais duradouro, de anos. Separação é separação. Dor é dor. Muda a intensidade.
Só que existem separações e separações. Separações planejadas, programadas, surpresas, temporárias, inesperadas. Talvez nenhuma machuque tanto quanto as separações abruptas. É como chegar em casa após um longo dia de trabalho, bem cansado, trocando qualquer coisa por um colo e cafuné, para só então perceber que a outra pessoa arrumou as malas e foi embora sem avisar. É de chorar, é de dar tiro na cabeça.
Não dei tiro na cabeça porque não ia ter dinheiro para pagar o enterro, mas chorei. Chorei quando, após um longo dia de trabalho, encontrei meu bar predileto fechado. Abruptamente, sem o menor aviso. O bar que tinha cadeira cativa neste coração de pingüim.
Sem um bilhete, sem uma carta de despedidas, sem dizer adeus! Sequer uma mísera placa foi colocada na porta, uma desculpa amarela qualquer. Simplesmente, trancaram tudo e foram embora... que nem as pessoas às vezes fazem: sem argumentos plausíveis, apenas com o sentimento de que "não dá mais" ou a desculpa de "vai doer mais no futuro".
Justamente naquele dia em que acordei, de novo, pensando nela. Aquela minha mesa predileta lá no canto, com uma parte encostada na parede e outra na grade. Na distância exata até a radiola de ficha, previamente calculada de modo a permitir curtir a música e poder conversar calmamente sem reclamar da altura do som. Uma harmonia almejada por muitos, mas conseguida por poucos.
Para quem pensava que só pessoas eram capazes de tais atrocidades, eu estava sobriamente enganado. Perguntei na vizinhança, procurei nas redondezas. Nenhum aviso, ninguém sabia de nada. Não havia motivo aparente para eu ter sido abandonado de forma tão dolorosa por aquela mesa que significava tanto para mim. E o pior, não deixaram nem uma última cerveja. Não tive direito a uma última golada.
E agora? Como será daqui em diante? Nunca vou achar uma parecida. Sei que talvez encontre outra tão boa quanto, talvez até melhor. Conscientemente, sei que nunca será igual. Sempre pensarei nela.
Aquela grade que ninguém gostava, mas eu adorava. O cobogó na altura perfeita para descansar o braço. Parecia feito sob medida para super ranzinzas. Com o perdão do majestoso plágio, mas eram detalhes tão pequenos de nós dois.
O TEMPO PASSA. A GENTE TAMBÉM | Um a um, meus bares prediletos foram fechando. Talvez seja alguma
coincidência holística, alguma energia cósmica entre relacionamentos e mesa de bar. Por exemplo, hoje não tenho mais paciência com boates; mas já tive um dia. E quando olho para trás, vejo que as poucas boates que eu gostava (e que ainda toparia ir hoje), todas fecharam.
Com o passar dos últimos anos, fui vendo meus bares prediletos fecharem ou tomarem outro rumo. No caso, outro rumo pode ser traduzido como: virar um bar pop, um bar da moda, começar a servir cerveja quente e comida pouca. Seria isso uma metáfora de chifre? Não fechou, mas mudou de rumo. Deve ser. Chifre de bar é o ó do borogodó.
Se eu pudesse sempre escolher, iria preferir as separações inesperadas, abruptas. A dor é maior mas, em compensação, ajudam a racionalizar melhor. Quando você não sabe o paradeiro, a tendência é se conformar, chutar a bola para frente. Sempre na dúvida, na angústia, mas... como diria a Amélia de Adoniran: "meu filho, o que há de se fazer?"
É... se. Mas se vaca voasse, chovia leite. Essas coisas a gente não escolhe, apenas acontecem.
Quando a separação ocorre por ter tomado outro rumo, como é o caso de servir cerveja quente ou dizer "não dá mais", é difícil se conformar. Você vai querer tentar novamente, vai querer buscar motivos, vai tentar racionalizar o que não se racionaliza. O que todo mundo sabe que é irracional.
Vai querer voltar para comprovar que a cerveja está quente mesmo. Afinal, pode ser apenas uma crise, uma fase ruim, uma chuva de verão, um defeito no freezer. E demora para concluir que a bonança nunca chegará. Que os ventos nunca soprarão como outrora e que a freezer nunca vai gelar a cerveja como em tempos passados.
E assim ficamos órfãos e de saco cheio de relacionamentos e de bar - ou de ambos ao mesmo tempo. O primeiro predileto fechou; o segundo, também. O terceiro, mudou de rumo. Até se pensa em parar de se apegar a uma mesa especial, a nutrir certo carinho por um espaço discreto no canto da parede, mas não dá, é o tipo de coisa que não se consegue fazer por muito tempo. O jeito é aceitar que existem outras mesas, outros bares.
E assim o tempo passa, de mesa em mesa, analisando, calculando a distância, questionando peculiaridades. Meu único consolo é a certeza que, onde quer que ela esteja, nenhum outro papudinho irá amá-la tanto quanto eu.
MESAS, PESSOAS E COINCIDNCIAS | No bar, acho que algumas mesas apenas querem alguém para não se sentirem isoladas; outras ficam magoadas porque você não dá atenção especial, escolhe qualquer uma; outras não entendem o por quê de você demorar a voltar a beber ali; algumas questionam se você vai para aquele bar porque gosta daquela mesa específica ou porque faz você se lembrar da mesa que foi embora. Ou porque somos todos humanos e não conseguimos viver sem uma mesa para segurar a cerveja, por necessidade física. Complexo, isso.
De mesa em mesa, você até termina encontrando algumas interessantes. Às vezes, até o fazem recordar daquela de antigamente. Acontece que elas podem já ter um dono ou, pior ainda, podem não sintonizar direito com você.
O tempo passa e termina que um outro estabelecimento abre no lugar onde era o seu bar predileto. Aqui, abriram um restaurante chinês onde era o meu bar predileto. É óbvio que fui até lá. Sou humano. Fui conferir, comparar, analisar, atestar a qualidade.
Foi a pior comida chinesa que já comi. O tempero estava ruim. Pouco molho de soja. Pouca carne, muito arroz. Pedi uma cerveja e não me perguntaram qual delas eu queria, foram logo trazendo qualquer uma. Até estava gelada, mas vou dizer que estava quente para não perder o clima.
A parede, que era sempre suja, estava toda limpinha e pintada... de amarelo! Parecia uma clínica de tarô.
Não tive coragem de chegar perto da grade. A tentação foi grande. Até pensei em pegar uma mesa no mesmo lugar, para descansar o braço no cobogó, mas eu sabia que não seria a mesma coisa. Seria apenas uma substituta forçada - até porque agora a mesa é de madeira, não é mais de plástico. E é cheia de fricote: tem um pano para cobrir e um papel-toalha por cima.
Ainda hoje, quando penso em bar, penso naquela mesa. Era simples, pequena, discreta, sem caprichos, sem futricos e, sempre quando eu chegava, em qualquer horário, ela estava esperando por mim lá no canto.
Ainda nutro esperanças de que o restaurante chinês vai falir e meu bar predileto vai voltar. E enquanto isso não acontece, o jeito é se conformar. Ela se foi. E com ela, acho que foi também uma parte de mim.
Felizmente, o fígado permanece!
Desculpem, mas tá difícil!
[]s
Zappe
#2
Postou 20 março 2007 - 11:44
Força, amigo Zappe!
[]'s :sm15
#3
Postou 20 março 2007 - 12:14
#4
Postou 20 março 2007 - 12:18
mas força cara, a vida continua.. e vc vai ter alguém que realmente te faça feliz e principalmente , "ao seu lado"...
qualquer coisa estamos aí!
abraços!
Leo
#5
Postou 20 março 2007 - 12:21
hehe
Falow
#6
Postou 20 março 2007 - 13:11
#7
Postou 20 março 2007 - 13:32
:sm13
:sm26
:sm30
:sm29
Zappe, camarada, lembre daquela frase...
"Isso também vai passar..."...
...
...
#8
Postou 20 março 2007 - 14:14
Quer um conselho meu amigo? Faça o mesmo que eu fiz, começe a beber no balcão.
Balcão é tudo balcão, você sempre achará um que sirva ao seu propósito. E, quando você menos esperar, vai acabar se sentando numa mesa tão boa quanto, ou até melhor, que a antiga e dali não se levantará mais (isso até cair de bêbado hehehe).
#9
Postou 20 março 2007 - 14:37
Abração!
#10
Postou 20 março 2007 - 16:06
E como nós sabemos, acho que todo mundo aqui já levou algumas botas na vida, e todas vezes nós conseguimos superar, por mais dificil que foi, e nós sempre achamos que essa vez doeu mais que as outras, e fique sussegado amigo, você vai contornar por cima assim como todas as outras vezes.
Precisando de algo estamos aí!
Abração
Marcin
#11
Postou 20 março 2007 - 17:07
Falow
#12
Postou 20 março 2007 - 17:09
Chorei quando, após um longo dia de trabalho, encontrei meu bar predileto fechado. Abruptamente, sem o menor aviso. O bar que tinha cadeira cativa neste coração de pingüim.
Mas que tá engraçado, isso tá, de ver os replies
[]s
Rodrigo
Este post foi editado por Rodrigo: 20 março 2007 - 17:10
#13
Postou 20 março 2007 - 17:10
MORRAM!
UAheauheauheauhea
#14
Postou 20 março 2007 - 17:11
#15
Postou 20 março 2007 - 17:19
O Zappe é um alcoolatra mesmo. E nem sabe o que é metáfora!Eu li tudo, mas o "bar fechado", até onde entendi, é uma metáfora...
Duvido que algo lhe trouxesse mais luto do que o fechamento do seu boteco predileto! :sm15
[]'s
#16
Postou 20 março 2007 - 17:20
Eu li tudo, mas o "bar fechado", até onde entendi, é uma metáfora...
Também pensei que fosse....ou é....agora só o Zappe p/ confirmar!
[]s
#17
Postou 20 março 2007 - 18:35
#18
Postou 20 março 2007 - 21:18
Em segundo,quero agradecer aos amigos pela ajuda.
Terceiro, acabo de voltar do hospital em que fui parar,graças a um stress violento,acompanhado de uma dor no peito, com direito a amortecimento do braço esquerdo, tonturas e falta de ar.
Depois de vários exames e de dois eletros-cardiogramas, graças a DEUS meu coração ainda resiste, mas devo ter cuidados devido a histórico familiar e por ser fumante.
Diagnóstico preliminar (isto pq tenho de fazer muitos exames ainda):
-Disturbios emocionais (ansiedade, medo, fobia e sintomas depressivos).
-Sintomas somáticos, funcionais de origem psicogênica.
-Neuroses
-Disturbios psicossomáticos dos sistemas cardiovascular.
-Etc, etc, etc...
Resumindo, não sei se aguento.
Mas de qqr forma, vou lutar até o fim.
So digo o seguinte, dessa fez pegou...
[]s
Zappe
#19
Postou 21 março 2007 - 07:35
Amigão, vai devagar, vc tem que zerar o sistema, reflita!Em primeiro lugar, é sério!
Em segundo,quero agradecer aos amigos pela ajuda.
Terceiro, acabo de voltar do hospital em que fui parar,graças a um stress violento,acompanhado de uma dor no peito, com direito a amortecimento do braço esquerdo, tonturas e falta de ar.
Depois de vários exames e de dois eletros-cardiogramas, graças a DEUS meu coração ainda resiste, mas devo ter cuidados devido a histórico familiar e por ser fumante.
Diagnóstico preliminar (isto pq tenho de fazer muitos exames ainda):
-Disturbios emocionais (ansiedade, medo, fobia e sintomas depressivos).
-Sintomas somáticos, funcionais de origem psicogênica.
-Neuroses
-Disturbios psicossomáticos dos sistemas cardiovascular.
-Etc, etc, etc...
Resumindo, não sei se aguento.
Mas de qqr forma, vou lutar até o fim.
So digo o seguinte, dessa fez pegou...
[]s
Zappe
#20
Postou 21 março 2007 - 14:02
Depois de vários exames e de dois eletros-cardiogramas, graças a DEUS meu coração ainda resiste, mas devo ter cuidados devido a histórico familiar e por ser fumante.
Quanto ao resto... Calma, camarada!! Força, que também vai passar... Lembre disso... E uma viagem viria a calhar pra esfriar a cabeça, hein?? Nada como uma "praiaterapia" nessas horas!!...
#21
Postou 21 março 2007 - 15:23
PQP! Quebrei a cara!Em primeiro lugar, é sério!
Resumindo, não sei se aguento.
Mas de qqr forma, vou lutar até o fim.
So digo o seguinte, dessa fez pegou...
[]s
Zappe
Amigo Zappe,
Nunca te vi assim, meu camarada. Me acostumei com seu alto-astral e descontração, que custei a acreditar nesse post. Momentos difíceis todos temos, mas tenho certeza que há mais coisas boas dentro de ti do que esse mal que te assola. Vai passar!
São tempestades e tormentas que forjam um bom marinheiro. E nunca se esqueça do seu porto seguro: seus amigos. Estamos aqui para todas as horas.
Sacode essa poeira, recomeça do zero, tenha bom ânimo, e toca em frente, que o futuro, a Deus pertence. Não fique remoendo o passado mais do que o necessário. E se precisar de um amigo, nem que seja pra simplesmente tomar uma cerveja no bar, conte comigo, nem que para isso nós tenhamos que fazer outras 10 vistorias no Detran.
[]'s
#22
Postou 21 março 2007 - 16:05
[]s
Rodrigo
#23
Postou 21 março 2007 - 23:37
Daqui de tão longe não vejo como ajudar de maneira mais efetiva do que dizer que estou torcendo por sua recuperação já que nessa vida não podemos perder tempo vivendo no passado mas sim procurar sempre um futuro melhor. Olhe pra frente e nem pense em abandonar seus amigos Calibreiros!
#24
Postou 22 março 2007 - 00:58
Muito obrigado mesmo a vcs que são amigos sempre.
Têm horas que nem me lembro de ter um Calibra, apenas venho aqui ver os amigos e torcer por eles.
De coração, se isso não é uma família, nem de perto é um site só de carros!!
Vcs não imaginam o qto. é reconfortante se sentir alguém p/ muita gente.
Obrigado, mas muito obrigado mesmo a vcs!!!
Nem sei como agradecer esse apoio.
[]S sinceros
Zappe
#25
Postou 22 março 2007 - 10:16
Você é boa pinta, então você é PINTUDO!
#26
Postou 22 março 2007 - 10:34
Zapee não entendi nada, do que aconteceu mas de nenhuma maneira vc está sosinho.
#27
Postou 22 março 2007 - 11:44
Os primeiros momentos são os mais dificeis e dolorosos. Mas o tempo se encarrega de deixar as coisas mais claras e amenas, quando o turbilhão passar, vc terá condições de refletir e tomar decisões mais sabias.
Agora o que vc precisa é ocupar o tempo livre. Saia com os amigos que não tem contato a algum tempo, dedique-se ao seu hobby, o importante é nao ficar de mente vazia pois isso é um prato cheio para remoer o passado.
Depois de um tempo vc se sentirá melhor e pronto para outra (ou para a mesma).
Junte um trocado, e venha(nem que seja de onibus) sexta dia 30/03 a noite para SP que nos vamos na chacara do Veio em Tiete fazer um bagunça.
#28
Postou 22 março 2007 - 23:12
Um abrax e sabe que tá em casa!
#29
Postou 23 março 2007 - 08:20
:sm35
#30
Postou 23 março 2007 - 09:09
[]s
Célio